Lea Michele da uma amostra sobre seu novo álbum, “Places”, em uma festa privada - Lea Michele Brasil

Jason Scott, do Pop Dust, foi um dos felizardos a participar da sessão privada promovida por Lea no último dia 25, em que ela apresentou um pouco do que vem aí com seu novo álbum, Places. Se já estávamos ansiosos, essa review veio para matar todo mundo de ansiedade de uma vez! Confiram:

Quando você recebe um convite para música e relax com Lea Michele, a resposta é sempre CLARO QUE SIM. Incorporando o espírito da resistência feminina e teatralidade poética, a cantora, que roubou nossos corações como Rachel Berry em Glee e desde então vem nos dando uns sustos em Scream Queens – comandou a sala durante uma sessão privada de seu álbum na tarde da quarta 25 de janeiro. Com um sorriso de orelha a orelha, Lea se rodeou daqueles que, como eu, estão mais do que ansiosos mais seu próximo capítulo musical.

Seu álbum de estreia, Louder, foi lançado há quase 3 anos, e olhando em retrospecto, foi, indubitavelmente, um marco, repleto de inclinações às baladas monumentais de Celine Dion, com uma curva para sua assinatura dramática. Foi um álbum pop substancial e importante por muitas razões, sendo a principal delas o fato de os artistas da Broadway ficarem sua estaca numa paisagem carente de cantores de seus calibres. Mesmo em 2017, a tragédia ocorrida com Cory Monteith ainda representa um enorme e inexorável peso, mascarando qualquer traço de otimismo ou liberdade – mesmo em “Cannonball”, escrita por Sia, há uma nuvem negra pairando. Havia (e ainda há) um inabalável senso de que Lea estava no meio de uma confusão emocional que levaria muitos anos para curar. Agora, com brilho nos olhos e perfeitamente imperfeita, a diva prepara sua tão esperada continuação, o muito apropriadamente entitulado “Places”, e o Popdust estava lá para ouvir faixas selecionadas do lançamento. Resumindo em uma palavra: esplêndido.

Lea sempre soube usar seu instrumento titânico, mergulhando em detalhes intricados em uma melodia ou criando peculiaridades dentre as frases com profunda precisão. Momentos como em “Burn with you” e “If You Say So” são atemporais, por direito próprio, e perfilados por uma sabedoria de outro mundo. Mas em seu novo conjunto, ela colore com extremos, balanceando tons mais sombrios e acinzentados, mas potentes e vibrantes. Antes de reproduzir qualquer música, Lea fez um discurso apaixonado (embora bem ensaiado), em que discorreu sobre o processo de criação, trancada no Hollywood’s Harmony Studios; ela tornou o processo íntimo, explicou, ao lado de duas mulheres muito fortes, Amanda Berman-Hill, sua representante na Sony e a compositora Alexandra Tamposi, que a ajudaram a criar o álbum. Enquanto seu objetivo final era o de criar um projeto “universal”, em oposição ao muito mais pessoal e cru Louder, os temas se misturavam como um diário. Ela até deu uma de Taylor Swift falando sobre um antigo amante. Lea então sentou e deixou a música falar por si. A primeira delas, uma balada arrebatadora nível Celine Dion, pode ser o vocal mais forte e fascinante de toda sua carreira – as lágrimas começaram a surgir em meus olhos quando a dor em sua voz parecia atingir o Monte Everest antes de cair com tudo. Se essa música não for a música de trabalho, talvez precisaremos sentar com ela e ter uma séria conversa sobre suas escolhas de vida.

Lea seguiu apresentando uma balada similarmente construída no piano, que traz uma lembrança brilhante de um jovem amor. É despreocupada, mas afetuosa. Imprudente, mas sucinta. Exuberante, mas solene. A música é uma reflexão sobre aqueles momentos em que escapamos da vida sozinhos por um tempo e pegamos outras estradas – provavelmente explodirá nas rádios também. Para a cantora de 30 anos, a narrativa é rica de uma magnífica nostalgia, elevada pelo uso de suas cordas vocais carameladas. Enquanto me perdi nos sonhos do passado de Lea, um sorriso ondulou suavemente meus lábios. Um momento bastante edificante.

Lea apresentou então sua música mais sombria até agora, entoada com cordas que pareciam repreende-la por lamentar o peso de um relacionamento. Suas escolhas melódicas, também, permitiram que ela atingisse o auge, enquanto flutuava através de acordes e progressões inesperadas e febril. O momento pareceu seguir a cartilha de Coldplay/”Fix You”- como a faixa influenciada que veio em seguida – mesmo no início, estava evidente que ela estava eletrificando uma melodia que parecia familiar, mas refrescante ao mesmo tempo. Lea pode estar à beira de um enorme momento cultural com essa quarta faixa e se não se tornar um single oficial em algum momento, ok, ela irá encontrar seu lugar e uma vida no mundo do streaming. Uma de suas anedotas mais cativantes introduziu a canção: ela enviou a canção para vários crushes e um em particular, respondeu com “muito teatral”, a quem ela respondeu “LOL teatral”. Porque, tipo, você ao menos a conhece, cara?!?

Justamente quando a storyline de “Places” estava se tornando tangível o suficiente para alcançar e acariciar – como fica claro, é o amor que serve de força principal por trás de tudo, os altos, os baixos, o bom… e o feio – Lea anunciou o final da noite. O hino sem filtros e ressurgido das cinzas está embalado por percussões e vocais monstruosos, que combinam com a intensidade que explode no ar. É um material pop digno não só dos fortíssimos e excelente talentos de Lea, mas de rodar em todos os top 40 das rádios do país. Músicas como “Battlefield” e “You’re Mine”, de seu primeiro álbum, são amadoras perto do que Lea está destinada a atingir em nossos corações. “Places” pode ser uma das mais refinadas obras-primas do pop esse ano – e você pode confiar em mim sobre isso.

O álbum está previsto para ser lançado ainda esse ano.